ToughStuff, uma empresa sustentável. Mesmo.

ToughStuff, uma empresa sustentável. Mesmo.

Apesar das suas inesgotáveis possibilidades, a aplicação prática da energia solar no Brasil restringe-se ao aquecimento de água. De fato, os preços que a tecnologia fotovoltaica de produção de eletricidade atinge no país a tornam inalcançável para o cidadão brasileiro médio. Não tem que ser assim.

A Tough Stuff é uma empresa com sede na ilha Maurícia, fundada em 2008 por Andrew Tanswell e Adriaan Mol cujo objetivo e atuação é levar eletricidade a populações residentes em regiões pobres e isoladas de África. Ao contrário do que dezenas de ONGs e organizações internacionais têm feito nas últimas décadas, a abordagem da Tough Stuff é essencialmente de mercado e passa pela comercialização (aínda que a preços muito reduzidos) dos seus produtos que são direcionados a uma utilização pessoal e de pequena escala e que incluem painéis solares, lâmpadas LED e carregadores de baterias.

A idéia de monetarizar o processo foi para evitar as tradicionais situações de ineficiência, burocracia e corrupção desde sempre associadas aos esquemas de ajuda internacional. Segundo afirmou Nick Sowden, representante da firma nos EUA, ao New York Times, “se pretendermos chegar a um grande número de pessoas, temos que fazê-lo através de negócio. Se seguíssemos a costumeira rota das ONG levariamos séculos“. Snowden considera também que os indivíduos valorizam mais as coisas pelas quais têm que pagar, o que, por outro lado os torna mais exigentes. Esse fato força a empresa a fornecer produtos de que os seus potenciais clientes realmente precisem e com a qualidade necessária para que eles os comprem. Se assim não for, e como em qualquer outro lugar, a empresa corre o risco de quebrar.

Dito isto e sabendo que o seu público é extremamente pobre (alguns vivendo com menos de 1 dólar por dia), a Tough Stuff teve que ser extremamente criativa e conseguiu produzir um pequeno painel solar de película fina que supre necessidades quotidianas básicas de muitas populações como carregamento de celulares, energia para rádios e iluminação. O custo de venda é de menos de 15 dólares e, considerando o que anteriormente se gastava com querosene, baterias e geradores, o produto paga-se em média com 12 semanas de uso.

Segundo o site da empresa, os benefícios atingidos com os seus produtos são vários: ao substituir o querosene dos geradores por energia gratuita, contribui para o alívio da pobreza; os benefícios ao ambiente são também evidentes, trocando o descarte de baterias e a queima de querosene por energia limpa; por consequência o padrão de vida e de saúde das populações melhora e, por fim, potencializa também a criação de emprego em micro-negócios.

A empresa tem neste momento projetos-piloto em mais 26 países e no futuro planeja investir também em redes de distribuição. Atualmente os produtos da Tough Stuff são vendidos por habitantes dos locais onde a empresa atua, conseguindo assim forte penetração em áreas rurais. Os vendedores ficam com 30% do valor de cada painel vendido.

A notícia do NYT sobre o assunto termina com um frase de Nick Sowden, diretor de desenvolvimento de negócios da empresa nos EUA: “Não é difícil conceber novos produtos. Fazer chegar esses produtos às mãos de quem deles necessita – essa é que é a parte difícil.”

Sabemos agora que painéis fotovoltaicos muito simples são vendidos em África a menos de 15 dólares, proporcionando energia gratuita a populações carenciadas. Existe, portanto, a tecnologia necessária para disponibilizar o sistema a preços que todos podem pagar, inclusive aqui no Brasil. Falta fazer a parte difícil.

com informações de Green Inc., do New York Times, e ToughStuff online

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