Jardins verticais: uma bomba-relógio?

Jardins verticais: uma bomba-relógio?

O conceito de sustentabilidade assenta num tripé ambiental/social/econômico. Nas suas recomendações e posicionamentos o Comitê de Avaliação de Sustentabilidade do CBCS declarou expressamente que apoia o desenvolvimento de sistemas de avaliação que considerem aquelas três dimensões em um mesmo nível hierárquico.

Acontece que, muito frequentemente, no âmbito da arquitetura e construção a dimensão econômica é menosprezada. Os projetos ignoram os futuros custos de operação do imóvel que mais tarde explodem na carteira dos utilizadores. Constrói-se para vender e não para operar o que contribui para o descrédito de abordagens sustentáveis e traz muitas vezes consequências desastrosas.

Vejamos o caso dos jardins verticais. O assunto tem ganho as páginas da imprensa especializada (e não só) e é apresentado como solução estética, pelo forte impacto visual, e também ambiental já que funcionaria como isolante térmico à semelhança dos telhados verdes. No entanto…

Foram divulgadas recentemente imagens do primeiro jardim vertical instalado no Reino Unido. Inaugurado em 2006 como parte do projeto de um centro infantil ao norte de Londres, dispunha de mais de 30 espécies de plantas em uma parede de 10 mt de altura e usava o sistema de rega hidropônico com água de chuva reaproveitada. Não se sabe exatamente o que aconteceu: à imprensa britânica responsáveis públicos locais disseram que, sendo uma tecnologia nova comportava alguns elementos de risco. Falhas no sistema de rega também foram apontadas bem como as grandes exigências de manutenção. O que é certo é que o projeto premiado e que custou 100.000 libras (cerca de R$300.000) aos contribuintes há 3 anos agora está assim:

Representantes de uma associação de contribuintes local perguntam-se agora quanto custará aos cofres públicos o reparo do jardim vertical ou a sua substituição por uma parede convencional.

mais fotos do jardim antes e depois aqui e aqui.

com informações de The Architect’s Journal, London Evening Standard

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Comentários ( 5 )

  • Pierre-André Martin

    Quando a gente vê que a Holanda tem mais superfície de cultivo fora do solo (em hidroponia) do que no proprio solo Holandês não acho que essa técnica seja tão arriscada.

    Agora se eles encontrarem problemas de manutenção la, podemos imaginar aqui que problemas podem aparecer.

    Portanto não acho que tenha que se remover todos os muros verdes, como eu acho que não tenha que se remover todas as marquises numa cidade de muito sol e muita chuva (RJ) porque cairão algumas por falta de manutenção. Tem que resolver o problema da manutenção, item onde pecamos muito.

    Agora é mais um apelo para que aqui no Brasil se use o amplo leque de plantas epifitas que nosso pais tropical possui, dispensando assim até a irrigação automatica.

    Não sou religioso, mas gosto de lembrar essa frase da Gênesis: “E tomou o SENHOR Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar.”

    Temos nossos direitos mas temos muitos deveres.

  • ecohabitar

    Completamente de acordo, Pierre-André. A intenção do post foi apenas chamar a atenção para a necessidade de, na altura de idealização de um projeto, considerar não só os custos da sua implantação/construção mas também ter bem presente os cuidados necessários com a sua futura manutenção. De outro modo, o muro verde (ou o deck, ou a piscina, ou o jardim…) não só não cumprirão o papel a que foram destinados como poderão mesmo contribuír para uma degradação precoce do imóvel.

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  • André

    Gosto na natureza morta.
    Não deixa de ser uma expressão de arte.
    A essência está em todos os lugares.

  • joão neto

    natureza morta feia da mulesta…morreu acabose

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